
Muitas pessoas, tanto católicas quanto não católicas, se perguntam por que é necessário confessar os pecados a um padre. A dúvida é legítima e, muitas vezes, é expressa assim: “Se só Deus pode perdoar, por que a Igreja Católica manda confessar com um padre?” É uma questão que toca o coração da fé e exige uma resposta clara e profunda. Afinal, a confissão não parece ser algo natural, mas sim um ato de fé que depende de uma autoridade. Para entender essa prática, é fundamental voltar às suas origens, buscando a resposta não em tradições humanas, mas na própria palavra de Deus.
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A Bíblia, muitas vezes vista como a única fonte de autoridade para a fé cristã, contém a base para essa prática. O que talvez muitos não saibam é que a resposta para a confissão com o padre está diretamente ligada a um momento crucial da vida de Jesus. Pouco antes de sua ascensão, ele concedeu uma autoridade especial e específica aos seus apóstolos. Essa autoridade não era para ser exercida por qualquer pessoa, mas sim por aqueles que Ele escolheu, formando a base do que hoje conhecemos como o sacerdócio.
O Mandamento de Cristo: A Autoridade para Perdoar Pecados
A base para a confissão com um padre não é uma tradição inventada, mas um mandamento explícito de Jesus Cristo. Depois de sua ressurreição, Jesus apareceu aos seus apóstolos e lhes conferiu uma autoridade extraordinária. Esse momento, descrito no Evangelho de João, é o ponto central que explica o porquê de os católicos confessarem seus pecados a um padre. Jesus não apenas perdoou, mas delegou essa capacidade, transformando a prática da reconciliação. A confissão é, portanto, um reflexo do amor e da misericórdia de Deus, que quis usar instrumentos humanos para chegar até nós.
João 20:21-23: “Àqueles a quem perdoardes os pecados…”
Após a sua ressurreição, Jesus se encontrou com seus discípulos. Ele lhes disse: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (João 20:21). Com essa frase, Jesus estabeleceu a missão dos apóstolos, que é a de continuar sua obra redentora no mundo. A seguir, ele lhes deu o poder para perdoar os pecados. Essa passagem é a evidência bíblica mais forte para a confissão auricular. O texto é claro e direto, não deixando margem para muitas interpretações.
O versículo 22 continua: “Dito isso, soprou sobre eles e lhes disse: ‘Recebei o Espírito Santo'”. O ato de Jesus soprar sobre eles é uma referência direta ao Gênesis, quando Deus insufla a vida em Adão. Jesus, o novo Adão, dá uma nova vida aos seus apóstolos, capacitando-os para a missão. O Espírito Santo é a força que os capacita. Esse dom é essencial, pois o perdão dos pecados é uma obra divina, não humana. A autoridade de perdoar os pecados é um dom de Deus, exercido por meio de pessoas escolhidas.
E no versículo 23, Jesus conclui: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos.” Este é o ponto crucial do sacramento da reconciliação. A frase é uma clara delegação de poder. Jesus não disse que os pecados seriam perdoados automaticamente, mas que o perdão estaria ligado à ação dos apóstolos. A confissão com o padre é, portanto, o meio pelo qual esse poder é exercido. O padre não perdoa por sua própria vontade, mas age “na pessoa de Cristo”, como um instrumento de Deus.
O Sopro do Espírito Santo: Ligando o Perdão ao Dom
O ato de Jesus soprar sobre os apóstolos é fundamental. Ele liga o perdão dos pecados ao dom do Espírito Santo. Sem a presença do Espírito, os apóstolos não teriam a capacidade de exercer essa autoridade. O Espírito Santo é a fonte da misericórdia e do perdão. A autoridade de perdoar pecados não é um poder mágico, mas um serviço. O sacerdote, agindo por meio do Espírito Santo, é um instrumento de Deus para a reconciliação. A confissão, então, se torna um encontro com a misericórdia de Deus.
O Espírito Santo, que age no sacerdote, permite que o perdão divino se manifeste de forma concreta e visível. É uma garantia de que o perdão recebido na confissão é real. O ato de ir a um sacerdote e confessar os pecados não é um simples ato humano. É uma resposta à iniciativa de Deus. Ele nos oferece um caminho para voltar para Ele. O sacerdote, em virtude do Espírito Santo, atua como um guia, ajudando-nos a reconhecer nossos pecados e a receber o perdão que nos é oferecido.
O sacramento da confissão é um testemunho da ação contínua de Jesus na Igreja. Ele não nos deixou sozinhos para lidar com nossos pecados. O dom do Espírito Santo, concedido aos apóstolos e transmitido aos sacerdotes, garante que a obra de redenção continue. O sacerdote é um sinal visível da presença de Cristo. A confissão, portanto, é um encontro com o Cristo ressuscitado. E o Espírito Santo é a força que nos move a buscar a reconciliação, a fim de que sejamos perdoados.
2. As Chaves do Reino: O Poder de Ligar e Desligar
Para entender por que a confissão com um padre tem base bíblica, é essencial olhar para outro momento em que Jesus delegou sua autoridade. O conceito das “chaves do Reino” é uma das imagens mais fortes e importantes nas Escrituras. Ele não se trata apenas de uma metáfora. É uma clara concessão de poder, que explica a autoridade da Igreja em questões de fé e disciplina. Esse poder foi primeiro dado a um apóstolo específico e depois estendido aos outros.
Mateus 16:19: As chaves dadas a Pedro
Em um dos diálogos mais famosos de todo o Novo Testamento, Jesus se dirige a Simão Pedro. Após Pedro proclamar que Jesus é o Messias, o Filho do Deus vivo, Jesus responde com palavras de grande peso. Ele diz: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. O que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mateus 16:19). Esta passagem é o ponto de partida para a compreensão da autoridade de Pedro. As chaves simbolizam o poder de governar e de tomar decisões em nome do Reino.
Esse poder de “ligar e desligar” dado a Pedro é uma autoridade de governo. Na prática, significa a capacidade de tomar decisões obrigatórias para a comunidade dos crentes. A decisão de Pedro, em assuntos de fé e moral, tem validade tanto na terra quanto no céu. A Bíblia mostra aqui que Jesus não deixou a sua Igreja sem uma estrutura. Ele deu a Pedro a missão de liderar e de guiar os fiéis. A confissão é um exemplo prático de como essa autoridade se aplica para a vida de cada fiel.
Mateus 18:18: O mesmo poder é estendido a todos os apóstolos
O poder de “ligar e desligar” não ficou restrito apenas a Pedro. Em Mateus 18:18, Jesus estende a mesma autoridade a todos os apóstolos. Ele afirma: “Em verdade vos digo: tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Essa extensão do poder de Pedro a todos os apóstolos é fundamental. Ela mostra que a autoridade não é um dom exclusivo de uma pessoa, mas sim um ofício compartilhado. A confissão é um ministério da Igreja, e não apenas de um único apóstolo.
Essa passagem reforça a ideia de que a autoridade de perdoar pecados é um poder da Igreja como um todo. Ela não é exercida de forma solitária, mas em comunhão com os demais. Os apóstolos, e seus sucessores (os bispos e os padres), recebem essa missão. Essa autoridade é para o serviço e não para o poder. É um poder para construir, para curar e para reconciliar. A confissão com o padre, então, não é apenas um ato particular. É um ato que integra o fiel à comunidade de fé.
O que significa “Ligar e Desligar”?
Para entender o verdadeiro significado de “ligar e desligar”, precisamos olhar para o contexto judaico. A expressão era usada por rabinos da época para se referir à sua autoridade de interpretar a Lei. Eles podiam “ligar” (proibir) ou “desligar” (permitir) certas ações ou comportamentos. Isso mostra que o poder dado por Jesus aos apóstolos era de natureza legislativa, doutrinal e disciplinar. Em essência, era o poder de tomar decisões em nome de Deus, o que incluía a capacidade de perdoar ou reter pecados.
O poder de “ligar e desligar” não é um poder mágico, mas um poder de juízo. O sacerdote, agindo no lugar de Cristo, tem o dever de discernir o arrependimento do fiel. Ele avalia a disposição do penitente para receber o perdão. Isso não significa que o padre julga a pessoa, mas sim o pecado. Essa autoridade garante a seriedade do sacramento. O arrependimento se torna um ato de humildade, e o perdão um ato de misericórdia. A confissão é um meio visível da autoridade que Jesus deu à sua Igreja.
3. Da Bíblia para a Igreja: A Sucessão Apostólica

A autoridade de perdoar pecados não foi um dom temporário, que terminou com a morte dos apóstolos. A Igreja Católica ensina que esse poder foi transmitido de geração em geração. Esse processo é chamado de Sucessão Apostólica. É por causa dela que a prática da confissão com um sacerdote é possível e legítima. Os apóstolos, cientes de sua missão, garantiram que a autoridade recebida de Jesus continuasse. A confissão é um sinal dessa continuidade, um elo entre a Igreja primitiva e a Igreja de hoje.
A Bíblia mostra que os apóstolos escolheram e ordenaram homens para continuarem a sua missão. Em passagens como a ordenação de Matias (Atos 1:26) e de Timóteo e Tito (1 e 2 Timóteo, Tito), vemos essa transmissão de autoridade. Paulo, por exemplo, instrui Timóteo sobre como escolher e ordenar presbíteros. Esses homens eram os sucessores dos apóstolos. Eles não apenas pregavam a Palavra, mas também exerciam os mesmos poderes que os apóstolos haviam recebido de Cristo, incluindo o de perdoar pecados.
A confissão com o padre hoje é um resultado direto dessa transmissão de poder. O sacerdote católico não é um homem comum, mas alguém que recebeu, através da ordenação, a mesma autoridade que Jesus deu aos apóstolos. Ele age como um mediador do perdão de Deus. Essa cadeia de sucessão garante a validade do sacramento. O padre é um instrumento de Deus, não o autor do perdão. A confissão é, assim, um encontro com a misericórdia de Deus, mediado por alguém que foi preparado para essa missão.
O sacerdote age “In Persona Christi”
Quando um sacerdote perdoa pecados, ele não o faz por mérito próprio ou por sua própria autoridade. Ele age “In Persona Christi”, ou seja, “na pessoa de Cristo”. Isso significa que é o próprio Jesus quem está perdoando, usando o sacerdote como seu instrumento. O padre é apenas um canal, um sinal visível da ação de Deus. Essa é uma distinção muito importante para entender o sacramento da Reconciliação. A eficácia da confissão não depende do sacerdote, mas de Cristo.
O padre, ao ouvir a confissão, está ali para representar a misericórdia de Cristo. Ele não pode julgar o pecador, mas deve acolhê-lo com caridade. A voz que absolve é a voz de Jesus. O sacerdote simplesmente pronuncia as palavras, mas o perdão vem de Deus. O foco, portanto, não está no homem que está atrás do confessionário, mas em Cristo. O sacerdote serve como uma garantia, um sinal de que o que está acontecendo é real e eficaz.
A expressão “In Persona Christi” nos lembra que a confissão é um ato divino, não humano. É um dos principais motivos por que confessar com padre é importante. É uma maneira de nos encontrarmos com a misericórdia de Deus de forma tangível. A presença do sacerdote garante que o perdão seja real. Ele atua como um mediador, tornando o perdão de Deus visível e audível..
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4. Respondendo às Objeções Comuns
Entender o fundamento bíblico da confissão com o padre é o primeiro passo, mas é natural que surjam questionamentos. Muitos que questionam a confissão baseiam-se em versículos bíblicos. Eles acreditam que o ato de confessar a um padre não é necessário. A chave é mostrar que a Bíblia não se contradiz. As passagens usadas para as objeções, na verdade, se encaixam perfeitamente na prática católica. A confissão é um ato de humildade e obediência. Ela não exclui o perdão de Deus, mas o torna real e visível.
O cristianismo não é uma jornada solitária. Ele é vivido em comunidade. A confissão é um ato de reconciliação que nos religa a Deus e à Igreja. O perdão de Deus é concedido de várias formas. A confissão é uma forma clara e direta.
“Mas em 1 João 1:9 diz para confessar diretamente a Deus!”
Uma das objeções mais comuns é baseada em 1 João 1:9. O versículo diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. É uma verdade fundamental da fé. A Bíblia ensina que a fonte do perdão é Deus. Ninguém pode negar isso. Mas, este versículo não exclui a confissão sacramental. Ele, na verdade, a complementa. A passagem de 1 João fala sobre a nossa necessidade de reconhecer nossos pecados.
A confissão sacramental é uma resposta a esse chamado de João. Ela torna o ato de confessar a Deus algo concreto. A confissão não é apenas entre você e Deus, mas também com a Igreja. O pecado nos separa de Deus e dos outros. A confissão nos religa a ambos. A confissão é um ato de humildade. Ela nos força a enfrentar nossos erros. O versículo de João e o sacramento da confissão andam juntos. O primeiro é uma condição para o segundo. A confissão sacramental é a forma de praticar o que João ensinou.
“Só Deus pode perdoar pecados!”
Outra objeção muito comum é: “Só Deus pode perdoar pecados!”. E a resposta é: “Sim, somente Deus perdoa pecados.” Ninguém na Igreja Católica nega isso. A diferença está em como Deus escolheu conceder esse perdão. Ele poderia ter perdoado todos os pecados de uma vez. Mas Jesus, em João 20:23, delegou essa autoridade aos apóstolos. O padre não age por si mesmo. Ele é um instrumento, um canal da graça de Deus.
Ele atua “In Persona Christi”. O padre não é a fonte do perdão, mas o ministro. A fonte é sempre Jesus Cristo. A confissão nos ajuda a perceber a seriedade do pecado. O perdão não é algo automático. Ele exige arrependimento e um ato de vontade. A presença do padre nos ajuda a ter uma experiência pessoal. Ele representa o Deus que nos perdoa. O padre é um sinal visível do invisível.
“Tiago 5:16 manda confessar uns aos outros, não a um padre!”
Por fim, muitos usam Tiago 5:16 para questionar a confissão com o padre. O versículo diz: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados.” Para entender esse versículo, precisamos ler o contexto completo. O versículo 14 diz: “Está doente alguém entre vós? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor.” A confissão está ligada ao sacramento da unção dos enfermos.
Os “presbíteros” de Tiago são os antecessores dos padres. Eles são sacerdotes. Tiago está falando sobre a confissão de pecados que são a causa de uma doença. Ele está falando sobre o sacramento da Unção dos Enfermos. Os fiéis devem confessar seus pecados a um sacerdote para serem curados. A passagem de Tiago não exclui a confissão com um sacerdote. Ela a apóia. Ela mostra que a confissão é um ato comunitário e sacramental. E que os presbíteros têm um papel especial nesse processo.
Conclusão: Um Dom de Cristo Para Sua Igreja
Neste artigo, exploramos o sólido fundamento bíblico da confissão com o padre. Vimos que a confissão não é uma tradição humana, mas um dom de Jesus Cristo. Ele concedeu essa autoridade aos apóstolos e a Igreja a transmite através da sucessão apostólica. O perdão de Deus é manifestado de maneira segura e tangível por meio do sacramento. O padre age como um instrumento de Cristo. A confissão é um ato de reconciliação que nos religa a Deus e à comunidade de fé.
O ato de se confessar a um padre nos lembra da seriedade do pecado. O pecado não é apenas um erro. Ele fere nosso relacionamento com Deus e com os outros. A confissão é um ato de humildade. Ela nos leva a reconhecer a nossa necessidade do perdão de Deus. É um passo essencial em nossa jornada de fé. Por isso, a confissão com o padre é tão importante.
A prática da confissão é a resposta à pergunta inicial: “Se só Deus perdoa, por que confessar com um padre?” O perdão é de Deus, mas Ele escolheu usar ministros humanos para concedê-lo. É o modo que Jesus deixou para que pudéssemos ter a certeza do perdão. A confissão é uma prova do amor de Deus por nós. A confissão é uma fonte de paz e alegria.
Não Percamos Tempo.
O perdão de Deus é um presente que Ele nos oferece. A confissão é a forma mais direta de recebê-lo. Se você sente que é a hora de se reconciliar, não hesite em dar o próximo passo. A Igreja está de portas abertas para te acolher. O amor de Deus te espera.
Não tenha medo de buscar o sacramento da Reconciliação. O sacerdote está ali para ser um canal da misericórdia de Deus. Ele não está ali para julgar, mas para ajudar. A confissão é um ato de fé. Ele pode transformar a sua vida.
Se você sente o chamado de Deus para se reconciliar, procure uma paróquia e agende sua confissão. Experimente a alegria do perdão que Cristo nos concedeu através do sacramento da Penitência.




